Após anos de espera, o caso da BWA Brasil Tecnologia Digital Ltda., responsável por prejuízos milionários a milhares de investidores, incluindo diversas vítimas na cidade de Santos, no litoral paulista, avança na busca por justiça. O Ministério Público do Estado de São Paulo apresentou denúncia formal contra os principais envolvidos no esquema fraudulento, acusando-os de estelionato, lavagem de dinheiro, formação de organização criminosa e falsidade ideológica.

A BWA Brasil, com sede em Santos, atraiu milhares de investidores ao se apresentar como especialista em operações com criptoativos.

Prometendo retornos irreais de até 10% ao mês, a empresa conquistou a confiança de empresários, aposentados e profissionais liberais. No entanto, investigações revelaram tratar-se de um esquema de pirâmide financeira, onde recursos de novos investidores eram usados para pagar rendimentos a antigos, enquanto os líderes desviavam valores para enriquecimento pessoal.

O impacto desse golpe financeiro na Baixada Santista foi devastador. Por estar localizada em Santos, a BWA transmitia uma falsa sensação de segurança, levando vítimas a comprometerem suas economias ou contraírem dívidas, acreditando na promessa de uma oportunidade rentável e confiável. Além das perdas financeiras, muitas famílias sofreram impactos emocionais profundos e desestruturações em suas vidas.

A denúncia descreve em detalhes como Paulo Roberto Ramos Bilibio, Roberto Willens Ribeiro, Marcos Aranha, Bruno Henrique Maida Bilibio e Júlia Abrahão Aranha estruturaram o esquema. Contratos falsos, movimentações financeiras complexas e o uso de criptoativos e transferências internacionais dificultaram o rastreamento dos recursos desviados. Estima-se que os prejuízos aos investidores ultrapassem R$ 450 milhões.

Apesar de a falência da BWA, decretada em 2021, ter arrecadado apenas R$ 385 mil até agora por meio de leilões, existe a possibilidade de recuperação de outros ativos. A conclusão do processo criminal, com eventual colaboração dos denunciados ou identificação de novos dados financeiros, pode revelar bens ocultos, registrados em nome de terceiros, alocados em contas internacionais ou aplicados em criptomoedas. Isso exige trabalho contínuo de rastreamento pelas autoridades. A recuperação de ativos pode ampliar o patrimônio da massa falida, beneficiando os credores.

A apresentação da denúncia representa um marco e uma esperança para as vítimas, que aguardam tanto a responsabilização dos acusados quanto a recuperação parcial dos valores perdidos. Santos, como epicentro das operações da BWA, simboliza a luta de investidores por justiça e ressarcimento. O caso evidencia a necessidade de investigações financeiras aprofundadas e maior conscientização pública para prevenir novos esquemas fraudulentos.

Com o avanço do processo, espera-se que os responsáveis sejam punidos e que os ativos ainda não localizados possam ser recuperados, aliviando parte dos prejuízos das vítimas.

Jorge Calazans é advogado especializado na defesa de investidores vítimas de fraudes e sócio do escritório Calazans e Vieira Dias.