A falta de conhecimento sobre investimentos e o mercado financeiro é uma das principais razões pelas quais os investidores se tornam vítimas de fraudes em investimentos no Brasil.
Muitas das empresas de investimentos fraudulentos exploram a falta de informação a respeito do mercado financeiro das vítimas e oferecem promessas de lucros absurdamente altos, mas que nunca se concretizam. Por isso, a educação financeira pode ser um importante fator no combate a essas práticas ilegais.
A educação financeira é fundamental para que as pessoas possam tomar decisões mais informadas e conscientes sobre seus investimentos. Ao conhecer melhor os diferentes tipos de investimentos, os riscos envolvidos e as características do mercado financeiro, os investidores podem se proteger melhor e evitar cair em golpes. Além disso, a educação financeira pode ajudar a promover uma cultura de investimento responsável e ético, contribuindo para o combate às fraudes em investimentos.

O papel da educação financeira e sua relação com as fraudes em investimentos

Em 2020, foi feita pelo Centro de Estudos Comportamentais e Pesquisas, ligado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), uma pesquisa que investigava o perfil das vítimas de fraudes financeiras no Brasil. A pesquisa contou com dois grupos, um de vítimas e um de não vítimas.
Assim, o grupo de vítimas revelou ter uma tendência a investir mais na poupança, em criptomoedas e startups. Uma parcela afirmou, ainda, não ter investimentos financeiros.
Por outro lado, o grupo de não vítimas revelou ter uma maior propensão a optar por produtos financeiros como ações, fundos de investimento (renda fixa, multimercado, ações e DI), fundos imobiliários (FIIs), Tesouro Direto, CDB, Letra de Crédito Imobiliário (LCI), Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), dentre outros similares.
Neste sentido, os dados da pesquisa contribuíram para que uma das hipóteses iniciais do estudo, a de que vítimas de fraudes financeiras têm menos experiência com o mercado financeiro, não pudesse ser descartada.
De fato, entender mais sobre o funcionamento do mercado financeiro pode permitir que uma pessoa consiga reconhecer traços suspeitos de um esquema, podendo desviar, assim, de uma possível fraude. Isso porque, ao ter mais conhecimento, é possível dispor de um maior arsenal de informações, o que permite a tomada de decisões próprias, com menos interferência de terceiros.

Interferência de terceiros pode ser problema

Quando uma pessoa não entende algo muito bem, há uma propensão de que ela se deixe ser guiada pela opinião ou influência de terceiros. Essa é uma característica que o estudo da CVM demonstra. De acordo com o relatório, as vítimas de fraudes financeiras no Brasil tendem a fazer investimentos pela indicação de terceiros, que podem ser conhecidos ou desconhecidos.
Os dados revelam que 53% das vítimas de fraudes já realizaram, em algum momento, investimentos financeiros baseado na recomendação de amigos. Já 28% comentaram que tiveram como norte para a tomada de decisão a recomendação de youtubers. Outras respostas incluem a recomendação de familiares (16%), de celebridades (5%), de membros da comunidade religiosa (4%) ou vizinhos (1%).
Somente 17% dos entrevistados responderam que nunca fizeram um investimento a partir da recomendação de terceiro, porcentagem que salta para 22% quando se compara o grupo de não vítimas.
Com isso, entende-se que os círculos de amizade e familiares, bem como as mídias sociais, exercem um papel importante quando o assunto são os investimentos financeiros. Assim, uma pessoa que não tem conhecimento suficiente sobre este nicho, poderá seguir a opinião de terceiros, sem criticamente pensar sobre a oferta oferecida, o que é um risco quando se fala de investimentos.

Iniciativas de educação financeira no Brasil

No Brasil, existem diversas iniciativas de educação financeira que buscam ajudar os investidores a entender melhor o mercado financeiro e evitar práticas ilegais. Por exemplo, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) realiza campanhas de conscientização e oferece materiais educativos para os investidores. Além disso, o Banco Central do Brasil também promove iniciativas de educação financeira, como o programa Dinheiro Direto na Escola, que leva educação financeira para estudantes de todo o país.
A educação financeira não beneficia apenas os investidores, mas também as próprias empresas e instituições financeiras. Isso porque a promoção da educação financeira contribui para a construção de uma imagem mais positiva do mercado financeiro e ajuda a fomentar um ambiente mais saudável para a atuação das empresas.
A educação financeira pode, igualmente, ajudar a reduzir o número de investidores insatisfeitos e aumentar a confiança no mercado, o que pode trazer benefícios para todos os envolvidos.
Em resumo, a educação financeira é um fator importante no combate às fraudes em investimentos no Brasil. Por meio de iniciativas de conscientização e educação, os investidores podem se proteger melhor e tomar decisões mais informadas e conscientes sobre seus investimentos. Além disso, a promoção da educação financeira pode ajudar a construir um mercado financeiro mais ético, responsável e saudável para todos os envolvidos.
O Estado e a sociedade em geral também têm responsabilidade nesse sentido, por meio da criação de políticas públicas e da conscientização sobre a importância da educação financeira para o desenvolvimento econômico e social do país.

Materiais sobre educação financeira

A CVM disponibiliza uma série de livros que podem auxiliar os brasileiros na busca por mais conhecimentos na área de educação financeira. Os livros fazem parte da coleção TOP, cujo surgimento se deu a partir do Programa TOP – Treinamento de Professores. Atualmente, os títulos que fazem parte da coleção são os seguintes:

• Mercado de Valores Mobiliários Brasileiro
• Relações com Investidores: Da Pequena Empresa ao Mercado de Capitais
• Mercado de Derivativos no Brasil: Conceitos, Produtos e Operações
• Análise de Investimentos: histórico, principais ferramentas e mudanças conceituais para o futuro.

Todos os livros encontram-se disponíveis eletronicamente, e o acesso a eles pode ser feito de forma online. Além disso, há também os conteúdos disponibilizados pelo Tesouro Nacional e pela Bolsa de Valores Brasileira (B3). São vídeos educativos, cursos gratuitos, cursos online sobre Mercado de Ações e Finanças Pessoais, simuladores do Tesouro Direto, dentre outros.

No próximo artigo da série, você acompanha informações sobre como as empresas de investimento fraudulentas possuem a capacidade de impactar as instituições financeiras.

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